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A longa campanha

Estamos a 7 de Maio de 2008. Os candidatos estão em campanha permanente desde o final de 2006. Sigo esta campanha, de forma mais atenta, desde Janeiro de 2007. Portanto, quando os candidatos chegarem a 4 de Novembro, já terão quase dois anos de estrada. Há quem diga que é um escândalo. Eu considero ser esta uma das grandes virtudes da democracia americana. Durante mais de dois anos, nunca há períodos mortos e não existe o tédio que por vezes existe em campanhas eleitorais de um mês em Portugal. Há muitas críticas a apontar ao sistema político americano, mas ninguém duvide que não há outro país onde a política seja levada tão a sério. Pelos cidadãos, pelos media e pelos próprios políticos.

Nos Estados Unidos, o primeiro ano da campanha é dedicada à escolha dos candidatos pelos partidos. Normalmente, esse período termina logo em Março, aquando da Superterça-feira. Este ano, a Superterça-feira foi em Fevereiro, mas a corrida ainda continua no lado Democrata. E deverá continuar, pelo menos, até Junho. O que quer dizer, que o candidato democrata vai ter apenas cinco meses, no mínimo, para se concentrar no seu adversário republicano. Num ano eleitoral como este, onde os republicanos estão gravemente “feridos”, isso poderá chegar para ganhar a Casa Branca.

Mas John Mccain poderá ser a grande surpresa desta campanha. A sua candidatura terá começado em 2000. Depois de ser derrotado por George W. Bush nas primárias, Mccain perfilhou o seu caminho no seio da política americana. Esteve contra o próprio partido em diversas situações, criticou a Administração Bush em variados momentos e preparou a sua candidatura para 2008. Por várias vezes pensou-se que seria impossível ser o nomeado. Muitos advogaram que Mccain, com o seu perfil, levaria o GOP à autodestruição. Mas ele seria o único republicano que poderia manter a Casa Branca. Por isso foi o nomeado. A confusão entre democratas tem aberto as portas a uma vitória de Mccain. Se não houver paz Democrata, antes da Convenção, Mccain bem poderá terminar o ano de 2008 como Presidente dos Estados Unidos. Aos 71 anos, é impressionante analisar o que Mccain tem feito este ano. Um político que esteve cinco anos no “Hanoi Hilton”, que lhe deixou mazelas para o resto da vida, continua com a mesma frescura de um jovem. Mesmo que perca, John Mccain já mostrou que é um dos candidatos mais fortes de sempre do GOP. Fosse outro o contexto eleitoral, e seria muito difícil de derrotar. Não é o favorito para Novembro. Nos próximos meses, depois da questão democrata estar resolvida, é provável que se vá abaixo nas sondagens. Veremos como emerge depois da Convenção Republicana de Minneapolis. Mccain encarna uma das histórias mais fantásticas da política americana. Veremos se termina na Casa Branca.

(PS: Não deixa de ser estranho que um comentador português, no último Expresso da Meia-Noite, tenha questionado a capacidade física de Manuela Ferreira Leite para fazer campanha eleitoral na sua idade. Isto há coisas. John Mccain está há mais de um ano e meio em campanha e MFL não consegue fazer um mês de campanha? Estou à vontade, pois nem aprecio politicamente MFL, mas é preciso colocar as dúvidas correctas. Há que analisar a política de uma forma séria. Coisa que muitos comentadores não o fazem em Portugal)

* Publicado originalmente no Eleições Americanas de 2008

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