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Pol Pot (1925-1998)

Sem dúvida um dos piores carniceiros da história humana e dos mais horríveis assassinos da história da loucura utópica comunista. A sua demência arrastou um país para um dos mais rápidos genocídios de um povo. Mais um que ficou sem o julgamento que o tamanho dos seus crimes exigia, sem que a justiça fosse reposta. Estima-se que matou mais de dois milhões de pessoas, cerca de um terço da população do Camboja, em pouco mais de três anos de liderança.
Nasceu em 19 de Maio de 1925, sendo originário de uma família aristocrata com ligações à família real Cambojana. A sua infância foi passada em parte a viver com a corte da família Real, e recebeu educação católica num colégio francês. Na sua juventude foi militante da resistência comunista da Indochina à França, tendo sido liderado por Ho Chi Min. Mais tarde obtém uma bolsa de estudo para estudar em Paris, mas falha o seu término, tendo nesta altura desenvolvido gosto pelo marxismo revolucionário. Em 1949 juntou-se ao Partido Comunista Francês e transforma a organização de estudantes Khmers em marxista. Em 1951 o Partido Comunista da Indochina divide-se em três facções, Vietname, Cambodja e Laos, apesar de continuar a haver dominação por parte de Ho Chi Min. Em 1953 regressa à Indochina e vai desenvolvendo contactos dentro da organização do partido. Em 1963 com o seu grupo de estudantes de Paris, toma controlo do Partido Comunista do Cambodja, e afasta-se da liderança vietnamita. Nesta altura é eleito número três do partido, dando-lhe a possibilidade de criar forte laços dentro da estrutura. No mesmo ano, após o misterioso desaparecimento do Secretário-geral, ele é incumbido de assumir a posição de liderança no partido. Em Julho do mesmo ano, abandona Phnom Penh e parte para a fronteira com o Vietname para organizar a guerrilha na selva. Em 1966 visita a China, durante a Revolução Cultural e é recebido muito bem pela liderança revolucionária chinesa de Mao Tse Tung. Em 1967, refugiado no nordeste do país, vive no meio de uma tribo e impressiona-se pelo modo de vida simples e espiritual do povo rural, vendo no modo de vida rural a realização do ideal comunista. A insurreição armada dos Khmer Vermelhos começa e no final da década de 60 controlam já a maior parte das montanhas que fazem fronteira com o Vietname. Neste período, as forças americanas começam secretamente a bombardear as forças comunistas do Cambodja, mas sem grande sucesso. Em 1970 Nixon manda 30 mil soldados avançar dentro da fronteira do Cambodja para atacar as forças comunistas, mas é forçado a retirar passado dois meses, por imposição do Congresso. A partir desta altura, a guerrilha comunista dos Khmer Vermelhos aumenta o seu poderia militar consideravelmente, devido aos apoios norte vietnamita e chinês, aumentando rapidamente as suas forças de cinco mil para 100 mil soldados numa questão de meses. Em 1973, com o poder da guerrilha já bastante forte, os Estados Unidos aumentam os bombardeamentos às forças comunistas. Em 1974 os Khmer Vermelhos conquistam a antiga capital Odonk, destruindo a cidade e executam professores e funcionários públicos. Em 1975, com a quase totalidade do país controlado, as forças marxistas bloqueiam a capital e toma Phnom Penh em 17 de Abril. Nos próximos dias, a população da capital é forçada à força da bala a marchar para o campo, cerca de 2 milhões de pessoas. Pol Por declara o ano zero e promete purificar a sociedade do capitalismo e da cultura ocidental, em prol da transformação da sociedade num estado maoísta rural. Os estrangeiros são expulsos ou mortos, as embaixadas fechadas e o sistema monetário abolido. Mercados, escolas, jornais e religiões são proibidos e a propriedade privada é ilegalizada. As elites do governo anterior, como funcionários públicos, religiosos, militares e membros da classe média são identificados e executados sumariamente. A urbe é desertificada e as pessoas são obrigadas a ir viver para o campo nas colectividades agrícolas. As famílias são separadas, os monges budistas perseguidos e mortos e o caos social toma conta da sociedade. As crianças são educadas na nova ideologia e aprendem a trair e identificar os opositores do regime. Neste período de demência comunista, morre cerca de 1 milhão e meio de pessoas à fome, de exaustão de trabalho ou executadas nestas colectividades agrícolas. Só para dar exemplo da crueldade do regime, actos puníveis com a morte incluíam: não trabalhar o suficiente, queixar-se das condições de vida, armazenar ou roubar comida, usar jóias, prostituição, chorar a perda de entes queridos e expressar sentimentos religiosos. Cerca de 20 centros de detenção foram construídos para torturar e matar os “criminosos” do regime. No clímax revolucionário, em 1977 e 1978, uma purga lançada por Pol Pot contra os inimigos escondidos massacraram cerca de 200 mil pessoas. Em 1977 a maior parte da população já vive da produção agrícola, embora em condições de vida miseráveis. Os conflitos alastram ao longo das fronteiras com a Tailândia, Laos e Vietname, cortando relações com estes últimos no mesmo ano, ganhando o apoio militar da China, que entretanto tinha cortado relações com o Vietname. Este começa a apoiar a guerrilha anti Khmer Vermelhos, aumentando progressivamente o combate por parte da Frente Unida para a Salvação Nacional. Com a ajuda dos Vietnamitas, em Dezembro de 1978, lançam uma forte ofensiva contra Phnom Pehn, caindo em 7 de Janeiro de 1979. Os Khmer Vermelhos retiraram para a floresta, onde continuaram a guerrilha por mais de 20 anos. Nunca o mundo assistira em tão pouco tempo a um genocídio desta grandeza. Mais de dois milhões de pessoas pereceram nesta revolução marxista de Pol Pot. No mesmo ano, foi julgado e condenado à morte pelos seus crimes num tribunal do povo, mas como estava fugido, nunca viu a sentença cumprida. Em Junho de 1997, Pol Pot, manda matar o seu antigo ministro da defesa Khmer Vermelho, por suspeitar de colaboração com o governo, juntamente com a sua família. È preso pelo Comandante Militar Khmer Vermelho, julgado e condenado a prisão perpétua pelo movimento. Em 1998, morre a 15 de Abril de ataque de coração, sem nunca ter cumprido nenhum castigo pelo mal que provocou no mundo. Apenas dois líderes Khmer Vermelhos estão presos a aguardar julgamento, Ta Mok, comandante militar que prendeu Pol Pot em 1997 e Kaing Khek Iev, governador do centro de detenção de Tuol Sleng. A maior parte dos líderes estão livres e fora da alçada da justiça. E não se vê os “suspeitos do costume” reclamarem justiça, como tão bem o fizeram no caso de Pinochet. Aliás, não me lembro de ver nenhuma referência a esta calamidade nas manifestações da nossa “esquerda”.
Pol Pot não se pode comparar com Hitler, Estaline ou Mao Tse Tung em termos de números de mortes, mas sem dúvida que foi um dos regimes mais mortíferos do Século XX.

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