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As Praxe Académicas

Tenho visto pela blogosfera imensas criticas às praxes académicas, o que me deixa por vezes triste devido ao total desconhecimento do verdadeiro significado da Praxe Académica. Aquilo que a comunicação social nos mostra, como recentemente uma reportagem da SIC no passado fim-de-semana é consequência da ignorância, má fé e de um total desconhecimento!

A praxe académica é muito mais que aqueles momentos de recepção aos caloiros, onde existe uma ritualização da entrada dos novos alunos na Universidade. As brincadeiras que se efectuam não passam de momentos de divertimento para quem nelas entra. Estes momentos praxistas não têm o carácter obrigatório para ninguém e constitui um momento verdadeiro único na vida universitário. Mas a praxe envolve também outros momentos, como os cortejos académicos, as Queimas das Fitas, e os demais cerimoniais que fazem parte de um percurso académico. O uso do traje reveste-se de momentos únicos na vida de estudante e é fundamental para o orgulho de pertença a uma instituição.

Aqueles exageros que vimos no passado em Macedo de Cavaleiros ou noutros locais não são praxe, mas sim casos de polícia. Um acto criminoso deve ser julgado pelos tribunais e nada tem a ver com a praxe. Se durante uma actividade qualquer alguém comete um crime, quem é julgado é o criminoso, não é a actividade em si.

Muitas vezes ouço falar que se devia proibir a praxe, mas como sabemos isso não é solução! Salazar também pensava assim... A regulação e a moderação deve reger estes momentos iniciais da vida académica, e penso que tem havido um enorme esforço nesse sentido, como ainda recentemente se viu no Congresso Nacional de Tradições Académicas, onde houve a exigência pelo respeito pelas tradições académicas e pelas regras de boa convivência que deve governar qualquer acto social.

Quando se fala em praxe, quem mal fala nunca passou de certeza por momentos de verdadeiro espírito académico, onde a amizade e a fraternidade entre os seus membros são uma verdadeira consequência da vivência e do que se produz em conjunto. Segundo um estudo de uma professora da Universidade do Minho, Dr.ª. Rita Ribeiro, estes momentos únicos apenas podem ser entendidos por quem os está a viver, e que tentar retirar considerações externamente é sempre complicado. A encenação presente na praxe apenas pode ser apreendida por aqueles que estão a encenar: uns num lugar de superioridade e que estão a passar o seu legado para aqueles que agora estão a chegar, os inferiores. A praxe é descontínua porque fora destes momentos, deixa de haver superioridade para passar a haver convívio e amizade entre a comunidade praxista. A verdade é que o que pode parecer bárbaro aos olhos do quem vê não passa de uma teatralidade à boa maneira de Goffman, onde uns fazem de líderes e outros de comandados.

Aquele estudante deslocado que chega a um local estranho e nada conhece; o pior que lhe poderia acontecer é não ser praxado, pois a sua integração será muito mais complicada. A coesão de grupo que se cria nos caloiros é fundamental para este novo começar e as amizades ao longo do curso normalmente saem deste grupo de praxantes e praxados. Quantos estudantes criam desde os primeiros momentos de praxe amizades que duram uma vida inteira? Que alternativas de integração rápida e eficaz podem as pessoas oferecer aos caloiros? Ainda não consegui observar dentro daqueles movimentos que lutam contra a praxe alternativas credíveis que visem melhor enquadramento dos estudantes na Universidade que a Praxe.

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