Por alguma razão a figura do Presidente da Republica, em Portugal, está sempre no lugar cimeiro da popularidade. Não há figura alguma que, ocupando aquele cargo, não se glorifique. Porque será?
Para o percebermos basta atentar nas declarações que Jorge Sampaio hoje produziu. Devemos preocupar-nos sempre em dignificar a função pública, não confundindo a necessidade de sacrifícios com a facilidade que consiste em apontar o dedo a um determinado grupo de cidadãos, disse o nosso Presidente.
Estas declarações vêm na sequência de orientações, pelo Presidente da Republica defendidas, no sentido de contenção das despesas públicas. Ora bem, por um lado defende o combate ao (famoso) défice, e por outro defende as pretensões dos funcionários públicos. No fundo defende a felicidade dos Portugueses.
O problema é executar esta tarefa. É, na prática, aplicar e gerir as medidas estruturais que o nosso País necessita. E isso os Presidentes da Republica não o fazem, nem o farão.
Por outras palavras, Sampaio apenas sabe dizer o que lhe convém, funcionando como uma espécie de consciência daquilo que o povo gosta de ouvir... Quanto a pôr em prática aquilo que diz defender é que são elas....
Pois é. Mas não se netenda isto como uma crítica exclusiva ao Sampaio. É uma crítica à função presidencial. Basta atentar que Soares, enquanto governante foi dos piores do século XX, e é visto pela sociedade como um excelente presidente.
A figura do presidente funciona como um género de pai.
E este povo continua a querer um pai, talvez porque na realidade parece carecer dessa figura tutelar.
No fundo, é o pai que dá a palmadinha nas costas...