Começou hoje o ano parlamentar e os partidos mais à esquerda (Bloco, PCP e Verdes) não perderam tempo e apresentaram vários projectos – Lei. Esta é uma antevisão do que, muito provavelmente, irá acontecer durante o resto da legislatura, isto é, a concorrência desenfreada destes partidos pelo seu nicho de mercado. Resta saber quais os resultados que essa luta terá, e quais os efeitos da mesma na governação socialista.
Freitas, o anti americano de serviço
Afinal o Bloco de Esquerda conseguiu chegar ao Governo, através de um dos seus porta vozes para a política externa. O Professor Freitas do Amaral, em relação a matérias fundamentais está de facto muito próximo do BE, nomeadamente no seu anti americanismo primário, o seu anti bushismo doentio, contra as posições assumidas pela NATO no Iraque... A partir deste momento, Portugal conta no seu governo com um radical, que defende tudo o contrário do que foi a nossa política externa nos últimos 30 anos, assumidamente de aliança com os EUA e o Reino Unido... Mas será que vamos mudar assim tanto? Não me parece, pois a coerência não é uma qualidade de Freitas do Amaral, e a real politik rapidamente tratará de o acalmar e tomar posições divergentes daquilo que tem vindo a defender. Para quem foi fundador do CDS, candidato a Presidente da Republica da Direita, apoiante do PSD e Ministro de um Governo do PS, digamos, não será novidade.
Se os seus devaneios radicais anti americanos influenciarem a sua acção governativa, então teremos muitas razões de preocupação pelo estado das nossas alianças fundamentais. Será que nos vamos tornar num pequeno país ignorado pelas grandes questões internacionais e pela nova ordem internacional de concordância entre a Europa e os EUA? Ou alguém vai colocar ordem no Freitas e mandá-lo calar muitas vezes?
Apontamento: Realmente o futuro do CDS parece muito preocupante, a considerar a sua atitude ridícula e disparatada do caso da fotografia. A história não se apaga nem se reconstrói, apenas de conta...
O nosso treinador, José Mourinho é tanto conhecido pelos seus títulos, como pela sua famosa arrogância. Mas não é só no futebol que esse estilo faz caminho, agora também na política temos alguém que é melhor que os outros, que está a um nível muito superior: António Vitorino.
Logo na noite das eleições fez furor a sua intervenção em vários canais de televisão, não em simultâneo, mas em todos coincidente, o que faz crer que terá sido uma encenação, algo não espontâneo, não natural. Logo aí muitos jornalistas e comentadores terão ficado apreensivos, mas não o demonstraram.
Agora após a formação do novo governo Vitorino faz questão de aparecer como descomprometido dos cargos ministeriais, nem sequer gosta de ser ministro. Diz o ex – comissário europeu que gosta mais da actividade parlamentar, mas não desta, daqueloutra onde a discussão era mais ética e mais profícua.
Meus amigos, tá na cara que ser ministro é o mesmo que ser pobre e mal pago. É óbvio que como ministro ele não iria poder exercer aquelas avenças de que se fala e que lhe vão encher os bolsos ao fim do mês. Como deputado vai certamente ter uns tempinhos livres para outros biscates.
Não me entendam mal, eu acho que isso é perfeitamente legítimo. O que não gosto é que alguém se vanglorie de ser aquilo que não é.
Liderança do PSD
Esta corrida tem sido até ao momento verdadeiramente decepcionante... Em primeiro lugar pelos candidatos, depois pelas ideias debatidas e por fim pelo processo eleitoral em si...
Marques Mendes é um candidato fraco, de submissão à lógica partidária e carreirista da política, onde nada se lhe conhece além de ter feito carreira politica nas diversas estruturas do PSD e do Governo. Alguém que vinha preparando esta ascensão política há alguns anos (Congresso de Viseu, 1999), soube não entrar em muitas polémicas e confusões, e manteve o distanciamento necessário de Pedro Santana Lopes, quando se calhar, os argumentos utilizados foram fracos (lembre-se do discurso dele do Congresso de Barcelos, quando criticou a coligação com o CDS no Governo de Santana Lopes, tendo ele feito parte durante dois anos de um governo em coligação com o... CDS)
Luís Filipe Menezes representa o oportunismo e o populismo da política. Uma continuação do Santanismo, em versão nortenha, mas que não se justifica nos momentos que correm. A sua promiscuidade com o mundo do futebol assusta-me, e a sua demagogia pode levar o PSD ainda mais para o fundo da política. Além do mais, esta do PSD virar à esquerda, não me convence, pois não temos que copiar ninguém, mas sim mostrar o PSD com uma alternativa verdadeiramente diferente da esquerda, com posições e políticas contrárias às vigentes da nova maioria.
Em relação às ideias debatidas, pouco ou nada se discute nesta pré campanha eleitoral interna. Vemos os mesmos de sempre, os que apoiaram Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Santana Lopes, prontos a ir atrás do candidato possivelmente vencedor, Marques Mendes. Sempre na lógica de estar com o vencedor, mas não com o melhor. Que neste caso é nenhum... Sem dúvida que a terceira via, neste caso poderia ser uma boa solução, talvez chamada Pedro Aguiar Branco ou António Borges... Mas a qualidade, que falta na política, parece não querer muito com ela...
Em relação ao processo eleitoral, mais uma vez as coisas vão ser decididas pelo aparelho parasita que tudo controla... Mérito para Filipe Menezes, que tentou, sem sucesso, que as eleições fossem um processo limpo e claro, onde todos os militantes pudessem dar voto à sua preferência...