A entrevista II
Depois de ler a entrevista de Mário Soares, fiquei ainda mais estarrecido. Algumas passagens que vale a pena comentar:
Sobre a Venezuela e Chávez:
"É um homem de convicções. Tem uma referência: Simon Bolívar. Acredita na integração da América Latina. Uma integração - como dizem - contra o domínio dos gringos. Quer contribuir para fazer uma espécie de União Europeia na Ibero-América..."
Mário Soares elogia Hugo Chávez, que está a construir paulatinamente uma ditadura. Durante a sua entrevista, nem uma palavra de critica ao regime venezuelano, nem sequer fala da liberdade de imprensa. Para Mário Soares, existe um relativismo democrático que nós, ocidentais, não sabemos respeitar. Eu, que pensava, que os valores democráticos eram universais.
Sobre a política e os políticos
"Hoje, na política, há um hábito perigoso que são os lóbis. Permitidos na América (sempre os EUA), parece que vão ser autorizados em Portugal. É um estímulo ao tráfico de influências. Agora as pessoas desejam entrar na política para melhor usufruírem, depois, de lugares de empresas. ...Em sociedade sem valores - em que o dinheiro é tudo - desapareceu a sanção moral em relação aos políticos e aos funcionários públicos corruptos e não só a eles... Na fase do capitalismo financeiro-especulativo, em que vivemos, tudo é permitido."
Mário Soares esquece-se que foi político em Portugal durante os últimos 30 anos. O sistema político que temos é, em parte, uma criação dele e dos seus amigos. E por falar em lóbis, será que nunca ninguém terá ouvido falar do lóbi soarista? Talvez, um dos mais poderosos do país? E o mal do mundo resume-se ao dinheiro. E logo ele, que tem muito acumulado.
O deliro anti-americano e anti-globalização
"Cada vez há mais pobres e maiores desigualdades e o que acontece a esses pobres? É indiferente: estão condenados a desaparecer. Neste momento há um relatório, nos Estados Unidos, onde se diz que o grande inimigo já não é o terrorismo, mas o perigo que podem representar as populações famintas vítimas do subdesenvolvimento e das catástrofes naturais, procurando desesperadamente encontrar nos países ricos do Norte. E a única resposta possível - diz o relatório - será a sua exterminação em massa."
Felizmente, os números provam o contrário, e como bem disse o Presidente da República, a globalização permitiu tirar milhões de pessoas da miséria no terceiro mundo. Está provado que o mundo precisa é de mais globalização e de mais liberalização do comércio. Mário Soares está enganado na história e na análise dos factos. Infelizmente, ainda subsistem muitos problemas por resolver, mas o caminho não será aquele preconizado por Mário Soares. E o estudo que refere, sempre nos Estados Unidos, deve ter sido retirado da imaginação fértil da extrema esquerda, agora compagnons de route de Soares.
Se tem ido aos Estados Unidos
"...deixei de ir. Já tive vários convites, mas não estou disposto a estar ali horas a ser fiscalizado, a preencher papéis, e a responder às perguntas, nem sempre inteligentes, que os agentes fazem nas fronteiras."
E ainda diz que não é anti-americano. Nunca fui aos Estados Unidos, mas amigos meus que lá estiveram não referiram nada disto que Soares diz. Ver o post de Francisco José Viegas, que recentemente terá estado na Venezuela.
Sobre o resto da entrevista:
Um forte ressentimento contra os Estados Unidos, Tony Blair e tudo que cheire a democracia aberta, plural e liberal. Pelo contrário, farta-se de elogiar os valores de Hugo Chávez, Lula da Silva, esse grande líder brasileiro e claro, Zapatero e Ségolène Royal, os futuros líderes da Europa. Não critica a corrupção e os escândalos do governo de Lula (que diria se um décimo disto acontecesse num governo inglês ou americano), e passa ao lado da grande derrota que o PSF está a enfrentar em França. No fundo, é uma entrevista de alguém que foi ultrapassado pelo rumo da história e radicalizou-se à esquerda, indo contra alguns dos valores que defendeu no passado. Será que há 30 anos ele seria capaz de elogiar um homem como Chávez? Por fim, não esquecer o papel simpático das entrevistadoras, Cândida Pinto e Clara Ferreira Alves. Fizeram o papel de jornalistas babadas, sem fazer as perguntas difíceis que esta entrevista impunha. No fundo, Soares ditou as regras e elas limitaram-se a segui-las.
Sobre a Venezuela e Chávez:
"É um homem de convicções. Tem uma referência: Simon Bolívar. Acredita na integração da América Latina. Uma integração - como dizem - contra o domínio dos gringos. Quer contribuir para fazer uma espécie de União Europeia na Ibero-América..."
Mário Soares elogia Hugo Chávez, que está a construir paulatinamente uma ditadura. Durante a sua entrevista, nem uma palavra de critica ao regime venezuelano, nem sequer fala da liberdade de imprensa. Para Mário Soares, existe um relativismo democrático que nós, ocidentais, não sabemos respeitar. Eu, que pensava, que os valores democráticos eram universais.
Sobre a política e os políticos
"Hoje, na política, há um hábito perigoso que são os lóbis. Permitidos na América (sempre os EUA), parece que vão ser autorizados em Portugal. É um estímulo ao tráfico de influências. Agora as pessoas desejam entrar na política para melhor usufruírem, depois, de lugares de empresas. ...Em sociedade sem valores - em que o dinheiro é tudo - desapareceu a sanção moral em relação aos políticos e aos funcionários públicos corruptos e não só a eles... Na fase do capitalismo financeiro-especulativo, em que vivemos, tudo é permitido."
Mário Soares esquece-se que foi político em Portugal durante os últimos 30 anos. O sistema político que temos é, em parte, uma criação dele e dos seus amigos. E por falar em lóbis, será que nunca ninguém terá ouvido falar do lóbi soarista? Talvez, um dos mais poderosos do país? E o mal do mundo resume-se ao dinheiro. E logo ele, que tem muito acumulado.
O deliro anti-americano e anti-globalização
"Cada vez há mais pobres e maiores desigualdades e o que acontece a esses pobres? É indiferente: estão condenados a desaparecer. Neste momento há um relatório, nos Estados Unidos, onde se diz que o grande inimigo já não é o terrorismo, mas o perigo que podem representar as populações famintas vítimas do subdesenvolvimento e das catástrofes naturais, procurando desesperadamente encontrar nos países ricos do Norte. E a única resposta possível - diz o relatório - será a sua exterminação em massa."
Felizmente, os números provam o contrário, e como bem disse o Presidente da República, a globalização permitiu tirar milhões de pessoas da miséria no terceiro mundo. Está provado que o mundo precisa é de mais globalização e de mais liberalização do comércio. Mário Soares está enganado na história e na análise dos factos. Infelizmente, ainda subsistem muitos problemas por resolver, mas o caminho não será aquele preconizado por Mário Soares. E o estudo que refere, sempre nos Estados Unidos, deve ter sido retirado da imaginação fértil da extrema esquerda, agora compagnons de route de Soares.
Se tem ido aos Estados Unidos
"...deixei de ir. Já tive vários convites, mas não estou disposto a estar ali horas a ser fiscalizado, a preencher papéis, e a responder às perguntas, nem sempre inteligentes, que os agentes fazem nas fronteiras."
E ainda diz que não é anti-americano. Nunca fui aos Estados Unidos, mas amigos meus que lá estiveram não referiram nada disto que Soares diz. Ver o post de Francisco José Viegas, que recentemente terá estado na Venezuela.
Sobre o resto da entrevista:
Um forte ressentimento contra os Estados Unidos, Tony Blair e tudo que cheire a democracia aberta, plural e liberal. Pelo contrário, farta-se de elogiar os valores de Hugo Chávez, Lula da Silva, esse grande líder brasileiro e claro, Zapatero e Ségolène Royal, os futuros líderes da Europa. Não critica a corrupção e os escândalos do governo de Lula (que diria se um décimo disto acontecesse num governo inglês ou americano), e passa ao lado da grande derrota que o PSF está a enfrentar em França. No fundo, é uma entrevista de alguém que foi ultrapassado pelo rumo da história e radicalizou-se à esquerda, indo contra alguns dos valores que defendeu no passado. Será que há 30 anos ele seria capaz de elogiar um homem como Chávez? Por fim, não esquecer o papel simpático das entrevistadoras, Cândida Pinto e Clara Ferreira Alves. Fizeram o papel de jornalistas babadas, sem fazer as perguntas difíceis que esta entrevista impunha. No fundo, Soares ditou as regras e elas limitaram-se a segui-las.
Etiquetas: anti-americanismo, democracia, idade não perdoa
Ao fim de algum tempo estou de regresso e quero comparar os elogios de Mário Soares a Hugo Chávez com as declarações de Lula da Silva, para quem a decisão de Chávez em fechar o canal RCTV foi um acto democrático.