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O Governo de Santana

Estes primeiros tempos não têm sido nada fáceis para Santana Lopes, se bem que nunca poderíamos ter esperado outra coisa. Um político hábil e experiente, mas que não estava preparado para ser Primeiro-ministro, aliás, ele já nem sequer pensava nisso.
Ele chega ao cargo mais alto da governação sem contar, e por isso se admite que tenha cometido alguns erros de casting, e principalmente de pormenor, mas que efectivamente marcaram os seus primeiros dias no Palácio de São Bento. Mas será que são os fait divers que fazem um governo? Será que ele alguma vez teve hipótese para a Comunicação Social? Ou para as elites que mandam neste país desde o 25 de Abril?
Pedro Santana Lopes, um político feito na comunicação social, tem sido completamente arrasado por esta mesma que o criou e o fez crescer; é normal nestes meios, termos o criador a tentar destruir a sua cria. As elites, obviamente revoltadas por um plebeu, e ainda por cima jovem, bom vivant e playboy, chegar a Primeiro-ministro, não lhe deram um minuto de sossego. Desde a sua tomada de posse, quase que aposto, que não houve um dia em que não fosse atacado, ora pela esquerda, ora pela direita. Depois temos aqueles casos tão singelos da nossa democracia, que por se acharem melhores que Santana Lopes e pensarem que deveriam ser eles a estar no seu lugar, não paravam de atacar, mesmo quando na maior parte das vezes de notava ódio e inveja a mais.
Será que Santana Lopes terá qualidades para o cargo? Pelo que tenho visto, penso que sim, apesar de alguns erros, normais para quem não estava preparado para o cargo. Em primeiro lugar, tem um enorme instinto político, coisa rara nos dias que correm; conseguiu reunir uma equipa de ministros onde existe qualidade, casos evidentes de António Mexia, Álvaro Barreto, Bagão Félix, Pedro Aguiar Branco, Luís Filipe Pereira, Fernando Negrão, Daniel Sanches ou Luís Nobre Guedes. Nas primeiras decisões, pode-se dizer que já se nota alguma coisa, nomeadamente o fim das exageradas e injustas Scut´s, a baixa de impostos para as pessoas e a possível diminuição do IRC em 2006. Muito mais se tem feito, mas também não podemos escamotear os erros, principalmente na área da Educação, onde ainda não consegui descobrir quem foram os incompetentes no concurso de professores. Depois é um grande político, que tem vitórias eleitorais no seu currículo, não podemos esquecer a excelente vitória obtida em Lisboa, contra Comunistas e Socialistas coligados, o Bloco de Esquerda e ainda o CDS de Paulo Portas. Ele não é nenhum anjinho, nem nenhum grande Estadista, mas poderá ser um bom Primeiro-ministro, talvez aquilo que o país precisa nos dias de hoje; já estou farto dos homens providenciais que nada fizeram ou fazem por Portugal. Sinceramente acredito que poderá inverter o ciclo miserável que temos vivido em Portugal desde 1995.
Repara-se que além do caso da Educação, que foi bastante grave, ainda não se puderam ver erros de maior ao governo, apesar da verborreia toda que temos assistido nos meios de comunicação. O caso Marcelo, apesar dos disparates do Ministro Gomes da Silva, pareceu-me uma bela orquestração do maquiavélico Marcelo Rebelo de Sousa; ele já devia ter esta jogada pensada há muito tempo. O mais recente ataque; Santana propôs que os professores com horário zero fossem trabalhar para o Ministério da Justiça, como assessores de juízes. Foi a desgraça, mas todos sabemos que com a crise de alunos, o futuro dos licenciados em cursos de ensino passará por outras áreas; em Portugal, os senhores professores só podem dar aulas, senão não trabalham. Isto está errado, e terão que se adaptar às novas condições do mercado. Os próprios juízes criticaram esta sugestão (não sei se irá mesmo avançar, eu penso que deveria) apesar de estarem a queixarem da falta de assessores. Eu pelo que tenho conhecimento, muitos dos assessores nem sequer têm formação superior, pois não percebo a dificuldade em ter professores a fazerem esta função. Pelo menos estariam a trabalhar.
Ainda não temos 100 dias do XVI Governo Constitucional e nunca assistimos a tantos ataques e denuncias como a este governo. Mas no fim, serão os portugueses a avaliar este governo, com o seu voto. Não são as elites nem a comunicação social que elege e faz os governos. Senão ainda estaríamos numa ditadura.

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